segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Planos de Previdência - Por que é tão difícil entender?



Que tal esse produto: PGBL com taxa de carregamento de 2%, por aporte, e taxa de gestão de 1,5% a.a. e garante um benefício vitalício atrelado à tábua atuarial AT2000, agravada em 1% ao ano, com atualização anual pelo IPCA + excedente financeiro de 20%. Os aportes nesse produto podem ser deduzidos do Imposto de Renda da Pessoa Física que faz a declaração completa do Imposto de Renda, bem como pode ter alíquotas regressivas de acordo com o prazo de cada um dos aportes

A partir do texto apresentado, entende-se por que é tão difícil entender os planos de previdência pois, até um especialista tem dificuldade detalhar o produto. Essa dificuldade pode ser explicada por 3 (três) motivos:

Planos de previdência são complicados

  • O grande número de variáveis para entender e avaliar;
  • A pouca educação financeira da população; e
  • A falta de preparo dos vendedores.
A primeira dificuldade surge quando o participante decide adquirir um Plano de Previdência e se depara com um conjunto muito grande de variáveis, que precisam ser entendidas, e decisões, que precisam ser tomadas, a fim de escolher o produto que mais se adéqua ao seu perfil.
Dentre as muitas decisões que o participante tem que tomar, estão: comprar um PGBL ou VGBL, de Renda Fixa ou Variável, com Tabela Regressiva ou Progressiva de Imposto de Renda. Além disso, é preciso conhecer alguns conceitos como: Acumulação e Benefício, IPCA e IGP-M, Títulos Públicos e Privados, Renda Fixa e Renda Variável, MtM e HtM, Risco e Retorno, etc. Iremos tratar todos esses temas em outro momento.

Falta educação financeira

A segunda dificuldade na negociação de um plano de previdência é a falta de educação financeira da população. Na escola aprendemos cálculos complexos de física, reações químicas e todos os sistemas que compõem uma célula, mas não estudamos as mais simples ferramentas para administrar nossas finanças.
Essa falha no sistema educacional faz com que as escolas formem cidadãos que não sabem o que é um fundo de investimento, um título público ou uma ação. Essas mesmas pessoas não têm a mínima idéia de como funcionam os juros compostos (para o bem e para o mal). Essa falta de conhecimento faz com que deixem de fazer poupança, onde o juro trabalha a seu favor, para fazer dívida (cheque especial, rotativo do cartão de crédito,...), tendo o juros trabalhando contra. Depois veremos  o impacto do juro composto no tempo, mas, adiantando, é melhor que ele esteja do seu lado que contra você.
Por fim, mas não menos importante, temos que entender que as pessoas que vendem os produtos de previdência, normalmente, também não estão bem preparadas. Essa deficiência não ocorre somente por desinteresse, mas, principalmente, pela quantidade de produtos que são obrigados a conhecer e comercializar. É humanamente impossível ser especialista em todos.
Esses obstáculos individualmente já seriam suficientes para dificultar o entendimento do produto, mas o que ocorre normalmente é a soma de todas, tornando quase impossível que o cliente saiba exatamente o que está comprando, gerando dúvidas e questionamentos futuros, com impacto para as empresas e os participantes.

O que fazer?

Não há saída. Ou você estuda as características dos produtos de previdência para escolher com o conhecimento necessário para escolher aquele que melhor se adapta às suas necessidades, ou então terceirizar essa escolha a um(a) profissional, seja ele(a) um planejador financeiro pessoal, seja um(a) corretor(a) de seguros. Lembrando que corretores de seguros recebem pela venda do produto de previdência, surgindo daí um eventual conflito de interesse. Portanto, a própria escolha de um bom profissional deve ser feito com sabedoria.

Artigo escrito por Pedro Borges Neto, CFP e Flávio Girão Guimarães.

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