A boa
vida do poupador de renda fixa, que com poucos anos conseguia dobrar o capital
investido, acabou. Agora com juros básicos da economia em torno de 7,25% ao
ano, e juros reais (descontada a inflação) de 5% ao ano, demora-se longos 96 anos para se dobrar o patrimônio em tal modalidade de investimento.
Surge então o dilema: ou se
poupa mais, ou se mantém o investimento por mais tempo, ou então se parte para
a diversificação dos investimentos, com a inclusão de ativos mais arriscados na carteira de investimentos. A
excelente reportagem que trazemos abaixo, escrita por Luiz Guilherme Gerbelli,
de O Estado de S. Paulo, exemplifica bem tal dilema. Boa leitura.
Com juro baixo, aplicação demora 96 anos para dobrar patrimônio
A taxa de
juros básica da economia (Selic) em 7,25% ao ano tem obrigado o investidor a
mudar de estratégia para ganhar mais
Por Luiz
Guilherme Gerbelli, de O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO
- Investir em renda fixa como garantia de ganho alto no fim de cada mês tem
jeitão de conselho ultrapassado. No Brasil do juro elevado das décadas
passadas, ir ao paraíso era ter a chance de viver com o rendimento das
aplicações. Mas a realidade agora é outra, bem mais difícil para os
investidores.
A taxa de juros
básica da economia (Selic) em 7,25% ao ano tem obrigado o investidor a mudar de
estratégia para ganhar mais. Hoje, são necessários 96 anos para dobrar o poder
de compra do recurso investido em um fundo de renda fixa, mostra um estudo do
banco Opportunity – levando em conta uma aplicação cujo imposto de renda é de
15% e inflação de 5,4% ao ano. O período só é válido se os juros não forem
alterados.
Para efeito de
comparação, em 1999, na adoção das metas de inflação no governo Fernando
Henrique Cardoso, eram necessários seis anos para dobrar o poder de compra do
patrimônio investido – os juros chegaram a 45% ao ano. No início do governo
Lula, em 2003, a Selic foi a 26,5% ao ano, e levava-se sete anos para conseguir
o mesmo feito.
"A gente
tem um investidor brasileiro acostumado com a renda fixa que sempre rendeu
muito. Ele estava habituado a ver ganhos expressivos, acima da inflação e, de
uma hora para outra, deixou de ter esse rendimento tão alto", diz
Christian Lenz, responsável pela área comercial do Opportunity Asset
Management.
Sair da
aplicação em renda fixa não significa um ganho maior. E isso tem sido um
problema. Até sexta-feira, o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa)
teve uma valorização de apenas 1,44% neste ano. A alta em 12 meses é de 4,73%.
A recomendação dos especialistas é a mesma de sempre: não colocar todos os
recursos em apenas um investimento. Há algumas opções no mercado que podem
garantir um ganho maior para os investidores. "Uma primeira alternativa é
indexar a aplicação à inflação com os títulos do Tesouro Direto", diz
Amerson Magalhães, diretor do Easynvest, plataforma de negociação pela internet
da Título Corretora.
Estímulo.
A queda da Selic alterou o cenário para o investidor, mas tem como
objetivo estimular o crescimento da economia. Nos países ricos, os juros estão
em queda e o Brasil tem sido uma exceção por manter um juro real (descontada a
inflação) positivo.
A aposta para
2013 é que, apesar da recuperação da economia, os juros deverão continuar
baixos. Boa parte do mercado aposta que a Selic deve permanecer em 7,25%.
"À medida que você aposta no crescimento da economia e em juros baixos, a
alternativa seria aplicar os recursos de longo prazo em ações", diz Otto
Nogami, professor do Insper, para quem a Selic deveria estar mais alta. "É
importante o investidor não comprometer todo o capital com ações, porque há
momentos em que esses recursos podem ser necessários."
Link para reportagem: aqui.
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