terça-feira, 27 de novembro de 2012

Estadão: Com juro baixo, aplicação demora 96 anos para dobrar patrimônio


A boa vida do poupador de renda fixa, que com poucos anos conseguia dobrar o capital investido, acabou. Agora com juros básicos da economia em torno de 7,25% ao ano, e juros reais (descontada a inflação) de 5% ao ano, demora-se longos 96 anos para se dobrar o patrimônio em tal modalidade de investimento.

Surge então o dilema: ou se poupa mais, ou se mantém o investimento por mais tempo, ou então se parte para a diversificação dos investimentos, com a inclusão de ativos mais arriscados na carteira de investimentos. A excelente reportagem que trazemos abaixo, escrita por Luiz Guilherme Gerbelli, de O Estado de S. Paulo, exemplifica bem tal dilema. Boa leitura.


Com juro baixo, aplicação demora 96 anos para dobrar patrimônio

A taxa de juros básica da economia (Selic) em 7,25% ao ano tem obrigado o investidor a mudar de estratégia para ganhar mais

Por Luiz Guilherme Gerbelli, de O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO - Investir em renda fixa como garantia de ganho alto no fim de cada mês tem jeitão de conselho ultrapassado. No Brasil do juro elevado das décadas passadas, ir ao paraíso era ter a chance de viver com o rendimento das aplicações. Mas a realidade agora é outra, bem mais difícil para os investidores. 

A taxa de juros básica da economia (Selic) em 7,25% ao ano tem obrigado o investidor a mudar de estratégia para ganhar mais. Hoje, são necessários 96 anos para dobrar o poder de compra do recurso investido em um fundo de renda fixa, mostra um estudo do banco Opportunity – levando em conta uma aplicação cujo imposto de renda é de 15% e inflação de 5,4% ao ano. O período só é válido se os juros não forem alterados.

Para efeito de comparação, em 1999, na adoção das metas de inflação no governo Fernando Henrique Cardoso, eram necessários seis anos para dobrar o poder de compra do patrimônio investido – os juros chegaram a 45% ao ano. No início do governo Lula, em 2003, a Selic foi a 26,5% ao ano, e levava-se sete anos para conseguir o mesmo feito.

"A gente tem um investidor brasileiro acostumado com a renda fixa que sempre rendeu muito. Ele estava habituado a ver ganhos expressivos, acima da inflação e, de uma hora para outra, deixou de ter esse rendimento tão alto", diz Christian Lenz, responsável pela área comercial do Opportunity Asset Management.

Sair da aplicação em renda fixa não significa um ganho maior. E isso tem sido um problema. Até sexta-feira, o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) teve uma valorização de apenas 1,44% neste ano. A alta em 12 meses é de 4,73%. A recomendação dos especialistas é a mesma de sempre: não colocar todos os recursos em apenas um investimento. Há algumas opções no mercado que podem garantir um ganho maior para os investidores. "Uma primeira alternativa é indexar a aplicação à inflação com os títulos do Tesouro Direto", diz Amerson Magalhães, diretor do Easynvest, plataforma de negociação pela internet da Título Corretora.

Estímulo. A queda da Selic alterou o cenário para o investidor, mas tem como objetivo estimular o crescimento da economia. Nos países ricos, os juros estão em queda e o Brasil tem sido uma exceção por manter um juro real (descontada a inflação) positivo.

A aposta para 2013 é que, apesar da recuperação da economia, os juros deverão continuar baixos. Boa parte do mercado aposta que a Selic deve permanecer em 7,25%. "À medida que você aposta no crescimento da economia e em juros baixos, a alternativa seria aplicar os recursos de longo prazo em ações", diz Otto Nogami, professor do Insper, para quem a Selic deveria estar mais alta. "É importante o investidor não comprometer todo o capital com ações, porque há momentos em que esses recursos podem ser necessários."

Link para reportagem: aqui.

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