quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Ações: o que saber antes de investir?


Com a queda da taxa de juros básica da economia brasileira nos últimos anos, e a consequente queda dos rendimentos dos fundos de renda fixa, o investidor começa a sentir a necessidade de buscar novas alternativas no mercado para seus investimentos. Nesse cenário, surge o mercado de renda variável como uma atraente alternativa.

O investimento em ações é indicado para aqueles que estejam dispostos a correr riscos, inclusive com a possibilidade real de obter rentabilidades negativas. O retorno não é garantido e os riscos são muitos, que se não forem bem mensurados, podem causar danos importantes ao patrimônio.

Muitos argumentam que ações são investimentos para “longo prazo” e que, no “longo prazo”, o desempenho da bolsa tende a superar o desempenho de investimentos em renda fixa. A primeira pergunta que vem a cabeça é: o que seria “longo prazo”, “médio prazo” e “curto prazo”? Caso essa pergunta seja respondida, outras surgem: estarei vivo no “longo prazo”? Vai superar o rendimento da renda fixa? Por quanto tempo vai superar? Um, dois, cinco, dez, trinta, cinquenta, cem ou trezentos anos? O momento atual é o melhor para se entrar na bolsa de valores? As dúvidas são muitas.

Pode ser que investindo na bolsa hoje, sua rentabilidade supere a rentabilidade da renda fixa nos dois próximos anos, fique abaixo nos outros oito anos e volte a superar após o décimo ano ou, num cenário alternativo e mais pessimista, venha a não mais superar os rendimentos dos investimentos em renda fixa. São vários os fatores que influenciam o desempenho dos mercados e, infelizmente, não temos como saber ao certo se ele vai subir ou cair nos próximos dias, meses ou anos. O que podemos e devemos fazer, através do domínio de ferramentas apropriadas, é estimar qual é o cenário mais provável.

Um fato é que, ao contrário do dito popular, ações não são investimentos apenas para “longo prazo”. Nada impede que seja um bom investimento para prazos mais curtos. Tendo o domínio da técnica correta de análise de ativos, é possível investir em ações visando obter lucros em minutos, horas, dias, semanas, meses ou anos. Não é o “longo prazo” que traz retorno, mas sim a técnica apropriada. Aliás, ao contrário do que muitos acreditam, o “longo prazo” não nos gera nenhuma garantia de retorno (assunto para um próximo post).

Para aqueles que estejam pensando em começar a investir em ações, não é indicado começar “operando” por conta própria, a não ser que já se tenha uma boa base de conhecimento de alguma técnica de análise e um controle de risco muito bem definido. A armadilha do dinheiro "fácil" pode ser muito perigosa. Em casos extremos seu dinheiro pode virar pó.

Operar sem conhecimento de nenhuma técnica, equivale a dirigir um carro de Fórmula 1 quando se está acostumado a dirigir apenas carros convencionais. Os resultados tendem a ser os piores possíveis. Operar baseado em notícias de jornais, onde você é o último e o jornalista o penúltimo a saber a notícia, não é uma boa estratégia, da mesma maneira como operar por conselhos de amigos, especialistas, por “achismo” ou relatórios de corretoras e bancos.

Dirigir um carro de Fórmula 1 leva tempo de aprendizado, sendo necessária uma boa preparação. Os pilotos se preparam ao longo de anos e, mesmo com toda essa preparação, o sucesso não é garantido e os riscos de estarem pilotando a 300 km/h ainda existirão, mesmo que esses riscos sejam muito menores quando comparados aos de uma pessoa despreparada.

A mesma coisa acontece as ações. As oportunidades realmente existem, mas para aproveitá-las é necessário que haja conhecimento. Os riscos nunca deixarão de existir, mas podem e devem ser controlados de maneira apropriada com as ferramentas adequadas, para que as perdas, caso aconteçam, não sejam irreparáveis. Nos próximos textos falarei mais a respeito de uma das principais ferramentas de análise de ativos, que é a Análise Gráfica ou Técnica (AT).

Para quem está querendo uma alternativa de investimento em renda variável (RV) e desconhece qualquer forma de análise de ativos, o aconselhável é começar a estudar alguma destas técnicas para compreender a dinâmica do mercado antes de começar a opera por conta própria. Para conhecer tais técnicas não requer nenhum diploma de doutorado em Economia, Matemática ou Engenharia. Esses conhecimentos estão ao alcance de todos, basta ter tempo, disciplina e disposição para aprender.

Quem quer começar aplicando seus recursos agora sem ter conhecimento, deve começar procurando um fundo de investimento em ações de uma instituição de sua confiança. Porém, é importante ter em mente que o retorno não é garantido e que esse tipo de investimento carrega riscos, que podem levar tanto a rentabilidades positivas quanto a negativas.

Para aqueles que desejam ter contato com alguma dessas técnicas, nos próximos textos, vou tratar dos principais riscos que existem nos investimentos em RV, as diferenças entre Análise Fundamentalista e Análise Técnica (AF e AT), as principais ferramentas e conceitos básicos de AT, as estratégias existentes no mercado, os fatores que influenciam no preço, do ponto de vista da AT, bem como uma análise semanal dos principais ativos da Bolsa. As ferramentas de análise são relativamente simples e estão ao alcance de todos, bastando ter tempo, dedicação e disciplina tanto para aprendê-las como para aplicá-las.

O ABC do Dinheiro disponibiliza uma análise semanal dos principais ativos da BMF&Bovespa. Para acessá-la clique aqui.

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