quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Bolsa de valores: algumas diferenças entre Análise Técnica e Análise Fundamentalista

No último post sobre ações (Por onde começar a investir em ações?), introduzi os conceitos básicos de AT e AF. Agora pontuarei as principais diferenças entre ambas, bem como os seus pontos fortes e fracos.

Apesar da crença dos fundamentalistas no movimento caótico dos preços no mercado, os mesmos acreditam que o mercado convergirá para o que chamam de preço alvo (target price) do ativo, com o passar do tempo. Assim, a única importância que dão para os preços do ativo, no presente, é estimar o potencial de queda ou subida (upside e downside) do mesmo, em outras palavras, saber se o ativo está “barato” ou “caro” em relação ao seu valor “real” ou “justo”.


A AT, assim como a AF, também parte do princípio de que os movimentos de preços no mercado são caóticos, porém, os analistas técnicos acreditam na existência de padrões que se repetem no tempo e que, através do domínio da ferramenta correta, seja possível identificar e se antecipar a estes movimentos com probabilidades favoráveis.

Estes movimentos passíveis de mapeamento são explicados, em boa parte, pelo comportamento humano. A AT entende que, pelo fato de o mercado ser criado e movido pelo homem, existem algumas reações padrões frente a determinadas circunstâncias, que podem ser captadas e identificadas com alguma antecedência e com razoável margem de acerto.

Pontos Fortes e Fracos da AT e AF:

Existem situações onde uma técnica é mais adequada que outra. Por exemplo, a AT desempenha melhor que a AF em prazos mais curtos, como horas, dias, semanas ou poucos meses. A AF desempenha melhor em prazos mais longos, como operações que duram anos.

A AT não performa bem em ativos com baixa liquidez (baixo volume), nestes casos a AF é mais recomendada.

Uma das limitações da AF é que fatores que não aparecem no balanço podem destorcer por completo a análise. Por exemplo, recentemente, no mercado de ações brasileiro, operações feitas no mercado de câmbio por algumas empresas brasileiras levaram as mesmas a grandes prejuízos e, conseqüentemente, aqueles que detinham suas ações. Aracruz Celulose e Sadia foram os exemplos mais recentes de que, até as empresas “sólidas”, com anos de tradições e líderes de mercado, estão sujeitas a este tipo de operação.

A AT, por sua natureza, gera muitos trades. Possui também uma infinidade de indicadores, que se não forem bem estudados e selecionados, podem causar confusão. O excesso de trades eleva os gastos com corretagem, o que pode transformar trades lucrativos em deficitários. Os gastos com software de AT, corretagem, emolumentos, custódia, IR, ISS entre outros são custos que não devem ser desprezados, principalmente pelos pequenos investidores.

O ponto forte da AT é o fato de ser acessível ao pequeno investidor e ao público geral. A maioria de suas ferramentas é de fácil compreensão, não requerendo nenhum tipo de conhecimento profundo de matemática ou economia para se ter acesso a elas. Isso a tornou bastante popular, principalmente nos E.U.A, onde é muito utilizada por pessoas físicas e até grandes instituições financeiras. No Brasil, nos últimos anos, tem se tornado cada vez mais freqüente a presença de analistas técnicos nas mesas de operações das grandes instituições financeiras.

As diferenças são inúmeras entre as técnicas e ambas possuem seus pontos fortes e fracos, limitações e, mesmo assim, ainda continuam sendo as melhores técnicas de análises de ativos disponíveis no mercado. Todo indivíduo que esteja pensando em investir na bolsa deveria conhecer alguma destas duas técnicas antes de se aventurar no mercado.

O que não pode acontecer é a tomada de decisões no mercado com base no “achismo”, com base em notícias de jornais ou opiniões de amigos e conhecidos. Independentemente da técnica utilizada, é importante ter em mente que o mercado não obedece a uma ciência exata, os retornos não são garantidos e as oportunidades e os riscos são muitos. Porém, é possível captar informações que possam desequilibrar, a seu favor, a probabilidade natural que existe de 50% entre o “certo” e o “errado”.

Como sou estudioso de AT, vou introduzir alguns conceitos de Análise Técnica e suas respectivas aplicações nos meus próximos textos.

Artigo escrito por Gustavo Garcia.

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